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Atualizado: 10-06-2025 | Tempo de leitura: 4 minutos

Bolsonaro revela conversa com Forças Armadas, mas nega tentativa de golpe: "Não tinha clima"

Após os interrogatórios do ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier, do ex-ministro Anderson Torres e do general Augusto Heleno, na manhã desta terça-feira (10), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) interrogou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta tarde. O político foi interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. O interrogatório durou pouco mais de 3 horas e acabou um pouco antes das 17h.

Ele foi ouvido na ação que investiga uma suposta trama golpista para mantê-lo no poder após o resultado das eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ao longo do interrogatório, o ex-presidente admitiu que “hipóteses” foram debatidas, inclusive, com comandantes das Forças Armadas, em relação a contestação do resultado das eleições. Ele garantiu, no entanto, que tudo foi feito “dentro das quatro linhas da Constituição”.

Bolsonaro ressaltou que as conversas nesse sentido, com comandantes militares, foram mais no sentido de “desabafo”. Ele disse, no entanto, que a ideia não foi adiante.

“Não tinha clima, não tinha oportunidade, não tínhamos uma base minimamente sólida para se fazer qualquer coisa”, destacou.

O ex-presidente rechaçou a declaração dada pelo tenente-coronel Mauro Cid, delator da trama golpista, de que Jair Bolsonaro teria recebido uma minuta de golpe e a enxugado, mantendo o nome de Alexandre de Moraes como sendo uma das autoridades a serem presas. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro fez a declaração durante seu interrogatório, na segunda-feira (9). “Não procede o enxugamento [da minuta]”, garante Bolsonaro.

Bolsonaro também negou participação em articulações golpistas e definiu a manifestação de 8 de janeiro de 2023, quando houve quebra-quebra na Praça dos Três Poderes, como: “Baderna”.

Interrogatório - O ex-presidente Bolsonaro começou a ser ouvido por volta das 14h30 negando, para Alexandre de Moraes, que as acusações contra ele sejam verdadeiras.

Moraes começou o interrogatório questionando o movimento descrédito às urnas e da reunião ministerial que tratou do tema, em julho de 2022.

Bolsonaro disse, entre outros pontos, que trabalhou muito pelo voto impresso na Câmara dos Deputados, quando ainda era parlamentar. E confirma que sempre defendeu esse ponto.

Ele reforçou sua retórica contra as urnas eletrônicas. Ao se referir a isso, o ex-presidente chegou a citar o atual ministro do STF Flávio Dino, da época que ele disputou as eleições de 2010 e foi derrotado no Maranhão. Ele diz que o próprio Dino colocou em dúvida as urnas eletrônicas.

Bolsonaro reclamou de ações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dizendo que foi tolhido em seus direitos durante as eleições de 2022, a partir do momento que não pôde usar fatos e fotos negativos sobre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e fatos positivos em relação e ele mesmo, Bolsonaro.

Sobre a reunião em julho de 2022, na qual ele criticou a conduta de ministros do STF e do TSE, o próprio Moraes e Luis Roberto Barroso, Bolsonaro pediu desculpas. Ele disse que se tratava de um desabafo, apenas retórica do momento.

“Tanto é que era uma reunião para não ser gravada, um desabafo uma retórica que eu usei. Se fosse outros três ocupando teria falado a mesma coisa. Então, me desculpe. Não tinha essa intenção de acusar de qualquer desvio de conduta dos senhores”, disse.

Outros pontos - Bolsonaro também citou realizações de seu governo, dando um tom político. Falou sobre obras e sobre a carreira política, iniciada a décadas como vereador no Rio de Janeiro.

O ex-presidente voltou a falar que sempre agiu “dentro das quatro linhas da Constituição” durante seu governo, tema recorrente em seus discursos.

Depois das perguntas de Alexandre de Moraes, Bolsonaro passou a ser questionado pelo ministro Luiz Fux, que também faz parte da Primeira Turma.

A Fux, o ex-presidente negou que tenha recebido voz de prisão de algum militar. Depois, Bolsonaro passou a responder o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

O procurador citou a questão de queda na popularidade com o possível aumento das críticas às urnas eletrônicas por parte de Bolsonaro. O ex-presidente afirma que os questionamentos ao sistema eletrônico começaram antes, com o ex-governador Leonel Brizola (já falecido) e com Flávio Dino.

Bolsonaro diz a Gonet que não fez qualquer movimento ou incentivou um levante da população para contestar o resultado das eleições. Ele, inclusive chamou os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 de “baderna”.

Gonet quis saber de Bolsonaro de movimento para anular eleições e prisão de autoridades pode ser entendido como “agir dentro das quatro linhas da Constituição”. O ex-presidente disse que nunca houve pontapé inicial de uma tentativa de golpe. Diz que apenas foram “hipóteses” debatidas, inclusive, com comandantes das Forças Armadas.

Bolsonaro ressaltou que as conversas nesse sentido, com comandantes militares, foram mais no sentido de “desabafo”.

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